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Eduardo Pacheco Jordão, Dr.Eng. *

 

            Uns chamam Engenheiro Sanitarista – outros chamam Engenheiro Sanitário.

            Tanto faz, de uma forma ou outra este engenheiro é responsável pelos serviços de engenharia de abastecimento dágua – aí incluídos a captação em um rio ou lago, o tratamento da água para torná-la potável, a adução até os reservatórios da cidade, o projeto dos próprios reservatórios dágua, e depois o sistema de distribuição da água à população, a chamada rede de distribuição. Tarefas importantíssimas, sem as quais a população e a indústria não poderiam sobreviver!

            E o que fazer com a água já usada – os rejeitos, ou o esgoto gerado ? É preciso coletar esses rejeitos de água suja, poluída, contaminada, e conduzi-los a um destino final adequado e seguro do ponto de vista ambiental e de proteção à saúde. Aí entra em cena novamente nosso Engenheiro Sanitarista, para projetar e operar os sistemas de coleta de esgotos – a chamada rede coletora de esgotos, as grandes tubulações que recebem a contribuição dessas redes coletoras – chamamos interceptores, e que conduzem esses esgotos até uma estação de tratamento de esgotos para serem tratados adequadamente, podendo então ser lançados por uma tubulação para um ponto em um rio ou eventualmente no próprio mar – o chamado destino final. Esses corpos dágua que recebem os esgotos coletados e tratados são chamados tecnicamente corpos receptores.

            Estamos vendo então que o Engenheiro Sanitarista exerce duas tarefas fundamentais à vida humana:

  • ele provê água de qualidade segura para o próprio consumo humano, sendo responsável pelo tratamento desta água bruta que transformará em potável; e
  • ele cuidará de que as chamadas águas servidas – os esgotos – sejam devolvidas ao corpo receptor em condições adequadas, de modo a não se tornar em mais um fator de poluição aos corpos dágua.

 

            No Brasil o Decreto - Lei 414/91 (de 22/10/1991) estabeleceu que o engenheiro sanitarista é um profissional habilitado para aplicar os princípios da engenharia à prevenção, ao controle e à gestão dos fatores ambientais que afetam a saúde e o bem-estar físico, mental e social do homem, bem como aos trabalhos e processos envolvidos na melhoria de qualidade do ambiente.

            Podemos nos perguntar agora: como se acha nosso país em relação ao fornecimento de água à população, e a respectiva coleta e o tratamento dos esgotos?

            Bom, em relação ao abastecimento de água estamos em uma posição razoável: o Brasil tem praticamente 84% da população urbana atendida por serviços de abastecimento de água (segundo dados coletados em 2019, Ministério do Desenvolvimento Regional).

            O mesmo não é, no entanto, verdade para o caso do esgotamento sanitário: apenas cerca de 54% da população urbana é atendida por redes coletoras de esgoto, e destas apenas 49% dos esgotos chegam a ser tratados, o que faz com que o grau de tratamento de esgotos nas cidades seja limitado a cerca de apenas 27% da população urbana (dados coletados em 2019, MDR). Uma vergonha

            O engenheiro sanitarista também se preocupa com as questões de poluição atmosférica e poluição sonora. Foi uma ação do saneamento que proibiu, há alguns anos atrás, os incineradores prediais de lixo no Rio de Janeiro, que eram usuais nos prédios de apartamentos e que causavam uma enorme poluição do ar na cidade!

            Os engenheiros sanitaristas se agregam em uma associação muito atuante – a ABES, Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (www.abes-dn.org.br), com cerca de 5 mil associados, que oferece um congresso brasileiro bi-anual, em diferentes cidades do país (o próximo congresso será em Curitiba, de 17 a 21 de outubro) – muitos de nossos alunos costumam participar, quando possível, através do programa JPS – Jovens Profissionais do Saneamento, da ABES.

            Por fim, tendo em conta as atribuições do engenheiro sanitarista, pode-se até dizer que ele chega a fazer um trabalho de “medicina preventiva” – pois está certamente oferecendo melhores condições de vida saudável a nossa população. Que os médicos não nos ouçam ...

 

(*)Eduardo Pacheco Jordão é professor associado do DRHIMA, já aposentado, mas presente em cursos de extensão, pós-graduação, e palestras organizadas pelo Departamento.

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