RIO - O vazamento de esgoto de uma caixa de inspeção na Rua Vicente de Sousa, em frente ao restaurante Ekkos, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, costuma ocorrer com frequência, segundo a terapeuta Cláudia Santos, moradora da via. Esta semana, no entanto, um aviso surpreendeu os vizinhos do local. O restaurante colocou um recado responsabilizando a Cedae pelo problema, alertando o público que a concessionária fora acionada diversas vezes, mas o atendimento só ocorreria dias após a chamada.
— Moro aqui há anos e sempre vi esse vazamento, que deixa a rua suja e com péssimo cheiro. Mas foi a primeira vez que vi um banner reclamando da Cedae — queixou-se Cláudia.
A Cedae informou que técnicos concluíram “a desobstrução do coletor de esgotos, que foi bloqueado pelo excesso de gordura, provavelmente proveniente de caixas de gordura de tamanho inadequado ou que não passam por limpeza frequente. As caixas de gordura devem ser limpas periodicamente para evitar a obstrução da rede”.
De acordo com a companhia, para garantir o bom uso do equipamento, técnicos da empresa farão vistoria nas caixas de gordura de restaurantes da região até a próxima semana.
Fonte: O Globo
BRASÍLIA - O Estado do Rio de Janeiro produz, todos os dias, 859,8 toneladas de esgoto, o equivalente a 9,4% do que é gerado em todo o Brasil. O estado, no entanto, não é capaz de tratar 68% desse volume antes de descartar na natureza. Com isso, de todo o material orgânico gerado pela população urbana fluminense, 587,5 toneladas são despejadas sem qualquer tratamento ou com tratamento ineficiente, principalmente, em rios e no oceano.
Os dados estão no estudo “Atlas do esgoto no Brasil”, produzido pela Agência Nacional de Águas (ANA), divulgado ontem. Em todo o Rio, 73% da população urbana têm seu esgoto coletado, seja por soluções individuais (fossa séptica) ou redes coletivas, segundo o levantamento. Apesar de mais da metade do esgoto ser coletado nas cidades, apenas 42% desse material são tratados.
O esgoto jogado na natureza é tanto que os rios não dão conta de absorver o material. O resultado é o aumento da poluição e a impossibilidade de usar a água para o abastecimento humano, alerta o estudo. O litoral do Rio de Janeiro é a área do Brasil que tem, proporcionalmente, o maior percentual de extensão de trechos de rios com a qualidade da água comprometida pelo esgoto, segundo o levantamento.
No estado, 30,7% da extensão dos corpos d’água estão contaminados e não podem ser usados para abastecimento das pessoas. Nessa área, encontram-se 19 das 21 cidades que compõem a Região Metropolitana da capital do estado, abrangendo quase 12 milhões de pessoas. A parcela orgânica que sobra dos esgotos nessa região, que é jogada diretamente na natureza, é de quase 70% da carga gerada pela sua população.
O coordenador do estudo, Sérgio Ayrimoraes, observa que, com uma população concentrada próximo ao litoral e com rios de pequena vazão, a única alternativa do estado é jogar o esgoto no mar. O problema, mostra o estudo, é que o estado faz isso sem tratamento ou com tratamento inadequado na maior parte do esgoto despejado.
Segundo o levantamento, o estado Rio, principalmente as cidades do interior, tem indicadores baixos de tratamento. E, além dos investimentos em obras, é necessário estabelecer marcos institucionais. Falta definir, por exemplo, quem é o prestador do serviço.
Ayrimoraes explica que, historicamente, a Cedae concentra sua atuação na Região Metropolitana e é muito focada no abastecimento de água:
— O sistema de tratamento de esgoto foi relegado a segundo plano. Fica claro na situação do Rio que é preciso uma solução institucional, além dos investimentos.
Segundo o técnico da ANA, as grandes companhias de saneamento fornecem água, mas não se preocupam em assumir o tratamento dos resíduos:
— Hoje, há um passivo de esgoto que precisa urgentemente ser equacionado. Não dá para ficarmos numa situação em que não há responsável pelo sistema de esgotamento sanitário no país.
Fonte: O Globo
NITERÓI - A cirurgia feita para eliminar gordura do corpo humano agora batiza uma ação da Secretaria municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos que quer acabar com o despejo irregular de gordura na rede de esgoto por bares, lanchonetes e restaurantes de Niterói. A Operação Lipoaspiração, em seis meses, já notificou 101 estabelecimentos e autuou 98 no perímetro que compreende a Avenida Amaral Peixoto e Rua Quinze de Novembro, da Avenida Visconde do Rio Branco à Rua Visconde de Sepetiba.
A operação tem o objetivo de informar os comerciantes que jogar gordura vegetal na rede é um dos grandes vilões dos problemas que ocorrem no sistema, causa de obstrução da tubulação e dos desagradáveis transbordamentos e mau cheiro. Até agora, técnicos da secretaria constataram que 45% dos estabelecimentos apresentavam algum problema em relação ao seu dispositivo retentor de gordura, sendo que 16% sequer contavam com o equipamento.
Proprietário do Bar do Meio, na Travessa Alberto Vítor, Cadu Benício teve seu restaurante inspecionado pela pela equipe da secretaria e elogiou o caráter educativo da operação. A caixa de gordura do bar estava fora dos padrões, e ele precisou investir cerca de R$ 2,5 mil para adequá-la.
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Fonte: O Globo
Sabe-se da precariedade do setor de saneamento básico, inaceitável num país que tem um dos dez maiores PIBs do mundo. Levantamento divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA) confirma esta vergonha nacional, e com dados inéditos que cobrem todos os 5.570 municípios brasileiros.
A situação é de fato trágica, considerando-se os efeitos colaterais deletérios, decorrentes da falta de uma cobertura minimamente aceitável em grande parte do país, sobre a saúde das pessoas — um fator grave de pressão no orçamento do SUS e no meio ambiente.
O esgoto de 45% da população — ou 93,6 milhões de pessoas — não é tratado. Quando se veem as estatísticas mais de perto, a tragédia fica ainda mais evidente. Por exemplo, a grande maioria das cidades brasileiras — 4.801 de 5.570 — tem índices de remoção da carga orgânica dos esgotos inferiores aos 60% exigidos pelo governo federal. Somadas, elas abrigam 129,5 milhões de habitantes, um enorme contingente de pessoas.
Há vários indicadores alarmantes. Outro deles: 70% dos municípios tratam esgoto com no máximo 30% de eficiência. Por tudo isso, 57% da população brasileira residem em municípios nos quais os rios não têm vazão capaz de diluir a carga orgânica que recebem. Se já não morreram, morrerão.
Um grande e conhecido destaque negativo neste e em outros levantamentos é o Rio de Janeiro, o segundo estado da Federação, mas com índices de saneamento abaixo da crítica. Sendo responsável por 9,4% do total do esgoto gerado no país, o estado não consegue tratar 68% dele. A parcela de 73% dos fluminenses é atendida por algum tipo de coleta, incluindo soluções individuais como fossa séptica. Mas, nas cidades, por exemplo, mais da metade do esgoto é coletado, porém apenas 42% dele são tratados.
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Fonte: O Globo
Diariamente, 5,5 mil toneladas de esgoto não tratado chegam principalmente aos rios, mas também vão parar em reservatórios de água, mananciais e lagos do país.
Os dados estão em estudo inédito sobre o saneamento básico no país produzido pela Agência Nacional de Águas (ANA), autarquia federal responsável pela gestão dos recursos hídricos brasileiros, divulgado ontem. A agência reguladora pesquisou a situação dos serviços de esgotamento sanitário em todos os 5.570 municípios brasileiros.
O levantamento aponta que 43% da população brasileira urbana são atendidos por sistema coletivo (rede coletora e estação de tratamento de esgotos); 12%, por solução individual (fossa séptica); 18% se enquadram na situação em que os esgotos são coletados, mas não são tratados; e 27% são desprovidos de atendimento, ou seja, não há coleta nem tratamento de esgoto. Somando a parcela dos cidadãos que não têm esgoto tratado e os que não têm coleta, são 45% da população, ou 93,6 milhões.
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Fonte: O Globo