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O Covid-19 e a Hipótese de Gaia

*Por Heloisa Firmo e Renan Finamore.

Ciência ampla e complexa, a Ecologia é a parte da Biologia que tenta explicar o funcionamento de toda a natureza. A teoria de Gaia é uma hipótese da Ecologia que estabelece que a Terra é um imenso organismo vivo. Elaborada pelo cientista inglês James Lovelock em 1979, nos ensina que nosso planeta é capaz de obter energia para seu funcionamento, enquanto regula seu clima e temperatura, elimina seus detritos e combate suas próprias doenças, ou seja, assim como os demais seres vivos, um organismo capaz de se autorregular. De acordo com a hipótese, os organismos bióticos controlam os organismos abióticos, de forma que a Terra se mantém em equilíbrio e em condições adequadas para sustentar a vida.

Entender as relações homem-natureza requer uma contextualização espaço-temporal que inclui uma breve reflexão histórica da ocupação espacial do homem na Terra. O nomadismo foi a primeira forma de sobrevivência da humanidade, que durou milhares de anos. O início da atividade agrícola há 10 mil anos fixou o homem, tornando-o sedentário. Com o passar dos anos, o sedentarismo aliado ao desenvolvimento tecnológico, sobretudo após a revolução industrial, permitiu que a população humana crescesse em ritmo exponencial. Consequentemente, os seres humanos passaram a ocupar, cada vez mais, áreas silvestres, florestas, com o intuito de explorar seus recursos para fins econômicos, especialmente no contexto contemporâneo. Assim, avançaram sobre ecossistemas naturais, transformando-os e destruindo espécies vegetais e animais.

Uma maior exposição humana a zoonoses, enfermidades naturalmente transmissíveis entre animais e humanos, tem se verificado nesse processo. O Covid-19, supostamente oriundo de morcegos, é um exemplo que, hoje, assola o mundo e impressiona por sua velocidade de transmissão, seu potencial de perdas humanas e pelo elevado nível de incertezas que traz consigo. Ainda não há cura, vacina e nem consenso quanto à possibilidade de reinfectar uma pessoa, entre outras questões em aberto. Vale lembrar que muitas florestas também constituem reservatórios de zoonoses e, portanto, os esforços por sua preservação ou uso sustentável devem ser respeitados, sob o risco de favorecer a ocorrência futura de novas pandemias.

Seres humanos e natureza são parte de um mesmo sistema, o sistema ecológico. E um dos conceitos importantes na Ecologia é a resiliência dos sistemas, ou seja, a capacidade de uma pessoa ou sistema se recobrar facilmente ou se adaptar a crises ou a mudanças. O professor e entusiasta da permacultura Rob Hopkins explica essa noção por intermédio da seguinte metáfora: “Em uma sociedade resiliente, os principais ingredientes do bolo são produzidos localmente, apenas são importados os produtos para o toque final (cerejas cristalizadas e glacê, por exemplo). Em uma comunidade não resiliente, todos ingredientes básicos são importados, e apenas cerejas cristalizadas e glacê são produzidos localmente. No caso de um choque energético (como o pico petrolífero), uma sociedade com baixa resiliência é, portanto, extremamente frágil, porque seu modo de vida depende quase inteiramente de um conjunto de sistemas sociotécnicos globais que exigem muito transporte e energia: cerejas e glacê não são suficientes para fazer o bolo.” (Hopkins, 2010).

A globalização mundial que faz do planeta uma imensa aldeia global, ao mesmo tempo que nos conecta com facilidade via Internet, traz a evidência da dimensão finita de nossos recursos. Em artigo na Folha de São Paulo de 22 de março, o filósofo Domenico de Masi lembra que há alguns anos, Kenneth E. Boulding, um dos pais da teoria geral dos sistemas, comentando a sociedade opulenta, afirmou: “Quem acredita na possibilidade do crescimento infinito num mundo finito ou é louco ou é economista”.
O Covid-19 circula livre pelo mundo globalizado. Desprovido de preconceitos quanto à raça, idade ou sexo, amplamente adaptável a todo tipo de clima ou ecossistema, livre até mesmo de barreiras alfandegárias, o vírus transita pela economia globalizada, causando estragos inimagináveis à saúde e à economia mundiais.

A teoria de Gaia permitiria supor que o vírus é um dos elementos que surgiram para favorecer a regulagem de um sistema que estava em desequilíbrio. Para isso, a população humana estaria sendo reduzida, diminuindo a pressão por recursos naturais. Iniciada possivelmente por um morcego, a doença é espalhada nos humanos a partir dos mais ricos, ou seja, a pequena porcentagem da população mundial que viaja de avião trazendo para a imensa maioria que não sai de seus municípios, o vírus letal, que com a elevada velocidade de contágio, inviabiliza sistemas de saúde aumentando assustadoramente o número de vítimas.

No sentido de priorizar a raça humana no planeta, faz-se necessário aumentar nossa resiliência, o que pode ser feito fortalecendo-se os sistemas locais. Nesse sentido, a consolidação de ações locais tais como a agricultura familiar, a economia solidária, a agroecologia, as moedas locais, isto é, um movimento que vai parcialmente na contra-mão da globalização predominante. Tratar com respeito e dignidade sistemas locais nos lembra alguns ícones desse tipo de pensamento como, por exemplo, a engenheira agrônoma Ana Primavesi que nos deixou no ano passado, aos 99 anos. Nascida na Áustria, adotou o Brasil após a segunda guerra mundial. Defensora ferrenha da agroecologia, nos ensina que “Ficamos cientes de que, onde a técnica se choca com as leis naturais, a natureza é que prevalece e domina. Devemos, portanto, reconhecer e aceitar esses limites, fazendo o máximo possível em favor de nossa terra. É bela a agricultura e a amamos mais ainda quanto mais vamos conhecendo a natureza. Acabamos com a ideia de que a terra é apenas fábrica de alimentos. A terra não é fábrica e não produz ilimitadamente.” (Primavesi).

Ou seja, os recursos não são ilimitados mas podem ser mais bem utilizados se o manejo agrícola for feito com o foco não na maximização de lucros mas no aumento da resiliência.

Fontes:

Hopkins R. Manuel de transition : De la dépendance au pétrole à la résilience locale [Livro]. - [s.l.] : Ecosociete Eds, 2010. - p. 216.

PRIMAVESI, A. M. Itaí, Capítulo 13. Disponível em:<https://anamariaprimavesi.com.br/biografia/capitulo-13/>. Acesso em: 26 de Março de 2020.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do DRHIMA UFRJ

A NAVE TERRA

A Nave Terra 

*Por Theophilo Benedicto Ottoni Filho.

A quarentena imposta pelo Covid-19 à sociedade mundial nos induz a uma reflexão sobre nós mesmos como indivíduos e grupo humano que habita uma cidade, país e Planeta como viajantes que fazem uma jornada dentro de um mesmo veículo durante nosso período de vida. Somos viajantes lado a lado, percorrendo nosso rumo como pessoas individuais, família, país e, numa escala máxima, como passageiros de uma grande nave espacial, a nave Terra, trafegando pelo cosmos infinito. Temos que sobreviver juntos, da melhor maneira possível, nessa jornada da vida nas diferentes escalas de agrupamentos humanos. Agrupamentos que cada vez mais se comunicam e multiplicam nessa nave, pois o homem, por ser inteligente e sociável, inexoravelmente passa o que descobre e reaviva com sua inteligência ao viajante que está ao lado. Ele passa essa influência de saber inteligente evolutivo mesmo que não saiba que esteja fazendo isso, como nós transmitimos o Covid-19 não sabendo que estamos infectando. É uma transmissão silenciosa e automática de saber e inteligência, e, portanto, de evolução da consciência humana. A inteligência não pode ser contida nessa nave, pois todo mundo quer ser “infectado” por ela. Todo mundo quer a inteligência superior do outro. Quem não deseja ser mais inteligente e evoluído? Por isso a inteligência se multiplica dentro da nave. Com a multiplicação, estamos vivendo mais e a Terra vai ficando mais habitada, as pessoas trafegando em tempos cada vez maiores. No início do século passado, éramos cerca de um bilhão, vivendo em média aproximadamente 45 anos. Hoje, apenas 120 anos depois, vivemos quase o dobro e nos multiplicamos em sete vezes.

Certamente ficamos mais inteligentes nesses 120 anos. A maioria dos nossos materiais, métodos e instrumentos são diferentes dos de 120 anos atrás. Somos muitíssimos mais eficientes no que fazemos. Controlamos de certa forma a maioria das doenças que costumeiramente nos matavam naquele início de século. Controlaremos rapidamente o Covid-19, pois já controlamos diversos outros patógenos nesse período. Com esse vírus não deve ser muito diferente. As ciências evoluíram em grandes proporções desde o século passado. Na espiritualidade evoluímos menos, mas, motivados pela inteligência, evoluiremos relativamente mais rápido nesse quesito daqui para adiante. Com espiritualidade, quero dizer o conhecimento prático, vívido, de não fazer aos outros aquilo que não queremos que façam conosco, vendo realmente o outro como se fosse nós. Pois, com o incremento da nossa inteligência aprendemos que ser íntegro e manso é melhor que ser imoral e raivoso. É mais inteligente e viveremos melhor sendo assim. E, por sermos inteligentes, queremos o melhor para nós.

Não sou profissional de infectologia ou saúde pública, mas esses microrganismos recentes nefastos à saúde humana (Influenza, Dengue, SARS, MERS, entre outros) dentro da nave Terra cada vez mais habitada e, portanto, sujeitas às infecções acontecem por não sermos inteligentes o suficiente com o ambiente da nave ou com os outros humanos nela. Estamos pagando por isso. Esses patógenos que não nos agrediam, passaram agora a fazê-lo. Eles reagiram a uma ação indevida nossa. Humanos sem saneamento básico, homens se alimentando de animais sem o devido cuidado sanitário, são exemplos óbvios, dentre vários outros, de práticas que precisamos rapidamente evitar, como já evitamos outras práticas nefastas no passado (como o excesso de guerras, a escravidão, entre outros). O colapso recente da qualidade da água na cidade do Rio de Janeiro é outro caso na mesma linha daquilo que estamos comentando nesse parágrafo, uma consequência de uma ação pouco inteligente e danosa ao meio ambiente e sociedade humana.

Um último comentário: nessa nave Terra a lotação máxima que os estudiosos preveem está no entorno de 11 bilhões de humanos, daqui a algumas décadas ainda no século XXI. Nave com muito mais inteligência de humanos que fará com que os mais pobres se espelhem nos mais ricos e tenham por família o máximo de dois filhos. Mas que o vírus da inteligência e da evolução fará também com que os mais pobres tendam a aprender mais rapidamente a se tornarem mais produtivos devido ao grande desejo de se alimentar e viver no mesmo padrão dos outros viajantes da primeira classe, os mais ricos. Estes, por sua vez, compreenderão melhor a necessidade da diminuição das desigualdades sociais, também por estarem se tornando mais inteligentes e espirituais, da mesma forma que os mais desfavorecidos socialmente. Essas serão tendências inexoráveis nos ambientes humanos futuros quando a Terra estiver mais próxima da sua população máxima de equilíbrio, pois são tendências baseadas no justo desejo de uma vida melhor e mais igualitária.

Uma questão que se coloca novamente aqui é como o meio ambiente da nave vai reagir a esse desejo de maior consumo, devido ao aumento da população e aumento da demanda per capita dos bens materiais. Novamente, a população da Terra terá que resolver a contento esse outro tema ambiental. Um ponto crucial aqui é a capacidade do meio ambiente da nave de suprir a demanda de alimentação dos viajantes. Como a Terra será capaz de alimentar os 11 bilhões de terrestres que, por serem bem mais exigentes no futuro, queiram se alimentar saudavelmente nesse tempo próximo daqui a poucas décadas? Como a questão do controle sanitário de nosso meio ambiente, ou a questão do aquecimento global, precisamos também enfrentar esse outro desafio global e vital para a humanidade. A resposta a esse desafio virá do manejo sustentável do solo visando à produção agrícola, sem grandes perturbações das biotas terrestres e aquáticas, mantendo o equilíbrio da saúde humana e dos demais seres. Manejo das biotas terrestres, a partir da biota mais próxima do vegetal, que é o próprio solo. E essa manutenção saudável e sustentável da biota do solo com vistas à produção vegetal só será possível em ambiente de solo suficientemente hidratado e também adequadamente nutrido por resíduos de matéria orgânica, sem a necessidade da reposição corriqueira das substâncias macronutrientes contidas nos adubos minerais, substâncias essas que são de quantidade finita no Planeta. A começar pelo macronutriente fósforo, cujos minérios são globalmente bastante limitados, muito mais que o petróleo.

Gostaria de terminar dizendo que sou otimista quanto à possibilidade de superarmos todos esses obstáculos quanto à continuidade da preservação da vida na Terra em ambientes humanos saudáveis, inteligentes e espirituais, mesmo com a lotação máxima da nave. Nós somos inteligentes, a Natureza também, por isso creio que o nosso destino é de superar todas as dificuldades dos nossos relacionamentos humanos e ambientais, tendo em vista o bem estar na Terra. Como disse Cristo em seu Sermão da Montanha: “Bem aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra”.

  

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do DRHIMA UFRJ

WhatsApp Image 2020 03 12 at 14.55.12Cancelamento do Seminário "Tratamento avançado de água e efluentes visando a remoção de nutrientes, micropoluentes e microcontaminantes” 

O DRHIMA informa que em atendimento ao que determinam as “DIRETRIZES DE CONTINGÊNCIA DA COVID-19 NO ÂMBITO DA UFRJ” está cancelado o Seminário “Tratamento avançado de água e efluentes visando a remoção de nutrientes, micropoluentes e microcontaminantes”.

O DRHIMA agradece a todos os palestrantes alemães e brasileiros e demais instituições envolvidas na organização do evento.

Todos os inscritos serão em seguida comunicados sobre a concessão de certificados e a disponibilidade dos slides das apresentações.

SARS CoV 2

Desenvolvimento do conhecimento sobre SARS-CoV-2 e Esgotos Sanitários

*Por Isaac Volschan Junior.

Este documento tem o propósito de esclarecer e atualizar informações sobre o conhecimento técnico-científico da relação entre o SARS-CoV-2, os esgotos sanitários, a qualidade das águas superficiais e a infraestrutura urbana de saneamento.

De forma introdutória, recorda-se que os fatores que classicamente governam a transmissibilidade de agentes patogênicos por via feco-oral são: (I) a quantidade de indivíduos infectados e potencialmente transmissores; (II) a quantidade de organismos patogênicos presente nas excretas dos indivíduos infectados; (III) a cinética do decaimento dos organismos patogênicos no ambiente; (IV) a oferta de vias de exposição humana para a transmissão via feco-oral; (V) a magnitude da dose-infectante; e (VI) a suscetibilidade de infecção por parte da população.

Dentre estes fatores, no contexto da COVID-19, e com base no conhecimento técnico-científico então estabelecido em relação ao SARS-CoV-2, observa-se que:

I) A determinação da quantidade de indivíduos infectados e potencialmente transmissores do SARS-CoV-2 depende da realização dos testes na população em geral;

II) Valores de referência sobre a concentração de SARS-CoV-2 ativo ou de fragmentos de material genético presentes nas excretas dos indivíduos infectados são pouco conhecidos e ainda não completamente compreendidos e definidos. Estudos científicos em andamento indicam haver variação temporal quanto a identificação ou não da presença do SARS-CoV-2, bem como de suas respectivas concentrações em fezes de pacientes infectados. Valores de referência sobre a concentração de SARS-CoV-2 ativo ou de fragmentos de RNA presentes nos esgotos sanitários e em corpos d’água superficiais também ainda não estão definidos. Estudos científicos são conduzidos no Brasil e no mundo no sentido de que esta quantificação atenda estratégia de monitoramento espaço-temporal da concentração de SARS-CoV-2 nos esgotos sanitários e em corpos d’água superficiais. A estratégia tem como objetivo apoiar ações de vigilância epidemiológica, que desde já possam repercurtir para decisão por medidas de controle social, e que futuramente, em médio e mais longo prazos, por eventual sobrelevação da concentração de SARS-CoV-2, possa servir como indicador de recrudescimento da COVID-19.

III) Devido ao fato do ácido nucleico do SARS-CoV-2 encontrar-se revestido e envelopado por uma camada lipídica de muito fácil desestruturação e degradação, entende-se que a cinética do decaimento de sua concentração nos esgotos sanitários, principalmente no ambiente hídrico, deva ser similar ou ainda mais acelerada do que outros vírus não encapsulados, bem como de organismos que usualmente servem como indicadores de contaminação por resíduo fecal. Referências sobre a cinética de decaimento existem somente para o SARS-CoV e ainda não existem para o SARS-CoV-2.

IV) Embora não haja evidências epidemiológicas de que os esgotos sanitários sejam um veículo para a transmissão de SARS-CoV-2 via feco-oral, as eventuais rotas de transmissibilidade consistiriam nas mesmas que servem a toda a diversidade de outros vírus e organismos patogênicos que, invariavelmente, também encontram-se presente nos esgotos sanitários e na água bruta dos mananciais;

V) e VI) Como não há evidências epidemiológicas de que os esgotos sanitários sejam um veículo para a transmissão de SARS-CoV-2 via feco-oral, não faz sentido haver referência quanto à magnitude de dose-infectante, bem como a suscetibilidade de infecção por parte da população.

Organizações técnico-científicas, universidades e institutos de pesquisa nacionais e internacionais vêm se dedicando para definir orientações e diretrizes para o setor de saneamento, bem como avançar com o conhecimento até então estabelecido sobre a relação dos esgotos e das águas superficiais com o SARS-CoV-2 e a COVID-19.

Dentre as organizações técnico-científicas nacionais, destacam-se orientações e diretrizes do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia ETEs Sustentáveis (INCT ETEs Sustentáveis, https://etes-sustentaveis.org/) e da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES, http://abes-dn.org.br/?p=33406). Dentre as organizações internacionais, orientações e diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS, https://www.who.int/publications-detail/water-sanitation-hygiene-and-waste-management-for-covid-19), International Water Association (IWA, https://iwa-network.org/news/information-resources-on-water-and-covid-19/), da Water Environment Federation (WEF, https://www.wef.org/news-hub/wef-news/the-water-professionals-guide-to-the-2019-novel-coronavírus/), do Centers for Disease Control and Prevention – EUA (CDC, https://www.cdc.gov/coronavírus/2019-ncov/php/water.html), e do Watercycle Research Institute – Holanda (KWR, https://www.kwrwater.nl/en/frequently-asked-questions-covid-19/). Todas estas orientações e diretrizes são convergentes para as indicações a seguir compliadas, e por esta razão as mesmas não se encontram individualmente referenciadas.

Por outro lado, o conhecimento técnico-científico sobre a relação do SARS-CoV-2 com os esgotos sanitários e a qualidade da água, visando principalmente apoiar ações de vigilância epidemiológica e controle da saúde pública, é objeto de avanço por meio de estudos conduzidos por universidades e institutos de pesquisa nacionais e internacionais. De uma forma geral, várias destas iniciativas vêm sendo divulgadas pela mídia, destacando-se aquelas realizadas com esgotos sanitários de cidades da Holanda, Itália, França, Noruega, Suécia, Estados Unidos, Nova Zelandia, Austrália, dentre outros países. Recentemente, estudos em condução pelo INCT ETEs Sustentáveis na Região Metropolitana de Belo Horizonte e pela FIOCRUZ na cidade de Niterói são precursores de pesquisas similares no país.

Os estudos concluídos e já publicados em periódicos científicos podem ser acessados pelas referências que constam na coletânea de artigos a seguir também compilada.  

  Orientações e diretrizes provenientes de organizações técnico-científicas nacionais e internacionais

- Ainda não há evidências da presença SARS-CoV-2 viáveis ​​em sistemas de esgotos sanitários.

- Não há evidências epidemiológicas de que os esgotos sanitários sejam uma via de transmissão do SARS-CoV-2.

- Parece improvável ocorrer infecção por SARS-CoV-2 através da exposição aos esgotos sanitários. Com base em dados de surtos anteriores de Síndrome Respiratória Aguda Grave - SARS e Síndrome Respiratória do Oriente Médio – MERS, entende-se que o risco de transmissão de SARS-CoV-2 pelas fezes seja relativamente baixo.

- Embora fragmentos do vírus SARS-CoV-2 sejam encontrados em fezes de pacientes contaminados, se desconhece haver potencial de infecção quando veiculado por fezes ou esgotos sanitários. O SARS-CoV-2 é parte de um grupo de vírus ao qual não se relaciona nenhuma importante rota de transmissão hídrica.

- A concentração de fragmentos do vírus SARS-CoV-2 nos esgotos sanitários e nos aerossóis respectivamente emitidos será provavelmente menor que a concentração existente em exalações orais e nasais de pacientes contaminados.

- Não há evidências de que o coronavírus sobreviva ao processo de desinfecção de água potável e efluentes. Não há procedimento específico para a inativação do SARS-CoV-2, para além da usual técnica de desinfecção. Importante observar que a desinfecção serve não somente para a inativação do SARS-CoV-2, como também para a inativação de toda a diversidade de outros vírus e organismos patogênicos que invariavelmente também encontram-se presente nos esgotos sanitários e nas águas superficiais.

- A eficácia de sabões, detergentes e desinfetantes para a inativação do coronavírus SARS-CoV-2 deve-se ao fato de seu material genético encontrar-se revestido e envelopado por uma camada lipídica de muito fácil desestruturação e degradação. Sabões e detergentes possuem surfactantes, cujas moléculas possuem afinidade por gorduras, o que facilita o desprendimento e arraste. O agente desifectante possui potencial de oxidação do invólucro proteico que constitui o SARS-CoV-2.

- O RNA do vírus SARS-CoV-2 é estável por somente alguns dias se protegido por esta camada lipídica de envelopamento. A presença da totalidade da partícula viral e, consequentemente, do organismo em forma viável, depende da manutenção da camada lipídica existente no entorno do seu invólucro proteico. A destruição da camada lipídica torna o organismo não viável e incapaz de reproduzir-se.

- A eventual presença de fragmentos de RNA desprovidos da camada lipídica de envelopamento poderá ser identificada nos esgotos sanitários, mas neste ambiente, fragmentos de RNA tendem a ser rapidamente degradados. A detecção de fragmentos de RNA do vírus SARS-CoV-2 indica que partículas do organismo estiveram presentes nos esgotos sanitários. Reitera-se ainda não haver evidências de que SARS-CoV-2 viáveis sejam transmitidos pelos esgotos sanitários.

- Referências sobre a cinética de decaimento existem somente para o SARS-CoV e ainda não existem para o SARS-CoV-2. Duan et al. (2003) reportaram a atividade infecciosa do SARS-CoV em fezes por até 4-5 dias, em temperatura de 20°C. Casanova et al. (2009) avaliaram a inativação de coronavírus em lodo de esgotos em até 6 log após 3 semanas, em temperatura de 25°C. Kampf et al. (2020) indicam que a elevação da temperatura aceleraria a inativação de vírus similares. Com base nestes estudos pode-se supor que o SARS-CoV-2 eventualmente presente nos esgotos sanitários seria eliminado durante processo de fermentação na etapa de digestão anaeróbia do lodo.

- Em função da eficácia da desinfecção, não há registro de detecção do vírus SARS-CoV-2 em água potável tratada, desinfectada e distribuída por sistemas públicos de abastecimento. Observa-se que o caso reportado pela mídia relativo ao sistema de abastecimento de água de Paris, correspondia à rede de distribuição de água não potável para consumo não humano.

- Há a preocupação com a proteção dos trabalhadores dos serviços de esgotamento sanitário, especialmente em função da emisssão de aerossóis, enfatizando-se a necessidade de uso de EPI. Não são recomendadas proteções específicas para o coronavírus, porém medidas de rotina usualmente praticadas para evitar a contaminação por outros organismos patogênicos que invariavelmente também estão presentes nos esgotos sanitários.

- A detecção do vírus com base em plano de monitoramento de pontos estratégicos da infraestrutura de esgotamento sanitário, acompanhado de estudo epidemiológico devidamente planejado e executado, poderá apoiar ações espaço-temporais de vigilância e controle da evolução da COVID-19. A estratégia encontrará grande aplicabilidade no sentido de que ações de vigilância epidemiológica possam, desde já, repercurtir para decisão por medidas de controle social, como futuramente, em médio e longo prazos, sob eventual sobrelevação da concentração de SARS-CoV-2, indicar o recrudescimento da COVID-19.

- A detecção do vírus nos esgotos sanitários depende da realização de testes baseados em técnicas moleculares de identificação de material genético (RNA).

- O método RT-qPCR (Real-time Polymerase Chain Reaction) é a técnica molecular utilizada para a identificação de material genético e detecção do vírus nos esgotos sanitários. Trata-se da medição de fragmentos de RNA (genes) do vírus SARS-CoV-2.

- O método pode também quantificá-lo, porém não avalia a viabilidade e tampouco a infecciosidade do vírus SARS-CoV-2. Durante a “Reação em Cadeia da Polimerase”, a ampliação de fragmentos genéticos permite a identificação da presença de genes do vírus SARS-CoV-2. Trata-se da mesma técnica utilizada para detecção em pacientes infectados por SARS-CoV-2. O método ainda encontra aplicabilidade em diferentes áreas do conhecimento, tais como clínica diagnóstica em geral, microbiologia ambiental, segurança alimentar, etc.

- Estudos científicos realizados até o momento enfatizaram a reprodução de métodos analíticos para a concentração do vírus SARS-CoV-2 nos esgotos sanitários e para o isolamento do RNA a partir deste concentrado. Outros estudos dedicam-se ao desenvolvimento de novos métodos de identificação e quantificação do SARS-CoV-2 nos esgotos sanitários.

- Estabelecidas a metodologia e os protocolos de coleta e acondicionamento de amostras e de processamento das análises, o desafio maior das pesquisas consistirá em quantificar temporalmente a carga viral do SARS-CoV-2 presente nos esgotos sanitários, considerando diferentes extratos populacionais, diferentes condições ambientais e graus de qualidade da infraestutura urbana de saneamento, e em estabelecer a relação entre esta carga viral e dados epidemiológicos.

  Coletânea de artigos de estudos concluídos e já publicados em periódicos, em ordem cronológica

Em 31/01/2020, Holshue et al. (2020) descrevem resultados positivos do método rRT-PCR em exames de fezes do primeiro caso de COVID-19 nos EUA.

Holshue, M. L. et al. (2020) ‘First case of 2019 novel coronavírus in the United States’, New England Journal of Medicine. doi: 10.1056/NEJMoa2001191.

https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2001191

 

Em 19/02/2020, Yeo, Kaushal e Yeo (2020) discutem a hipótese de que a transmissão do SARS-CoV-2 possa também ocorrer via feco-oral.

Yeo,C., Kaushal,S. e Yeo,D. (2020) ‘Enteric involvement of coronavíruses: is faecal–oral transmission of SARS-CoV-2 possible?, The Gastroenterology and Hepatology. doi: 10.1016/S2468-253(20)30048-0

https://www.thelancet.com/journals/langas/article/PIIS2468-1253(20)30048-0/fulltext

Em 03/03/2020, Gu, Han e Wang (2020) comentam sobre a ocorrência de sintomas de origem gastrointestinal e a presença de indicadores em fezes de pacientes infectados por SARS-CoV-2, similarmente ao observado em pacientes infectados por SARS-CoV.

Gu, J., Han, B. and Wang, J. (2020) ‘COVID-19: Gastrointestinal manifestations and potential fecal-oral transmission’, Gastroenterology. doi: 10.1053/j.gastro.2020.02.054.

https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0016-5085(20)30281-X

 

Em 19/03/2020, Wu et al. (2020) reportam o acompanhamento clínico e resultados do monitoramento contínuo de excretas de pacientes infectados por SARS-CoV-2.

Wu, Y. et al. (2020) ‘Prolonged presence of SARS-CoV-2 viral RNA in faecal samples’, The Lancet Gastroenterology and Hepatology. doi: 10.1016/S2468-1253(20)30083-2.

https://www.thelancet.com/journals/langas/article/PIIS2468-1253(20)30083-2/fulltext

 

Em 23/03/2020, Daughton (2020) revela o avanço da ciência sobre a epidemiologia dos esgotos (wastewater-based epidemiology: WBE) e sua aplicabilidade sobre a pandemia de COVID-19.

Daughton, C. (2020) ‘The international imperative to rapidly and inexpensively monitor community-wide Covid-19 infection status and trends’. doi: 10.1016/j.scitotenv.2020.138149

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0048969720316624?via%3Dihub

Em 23/03/2020, Mao et al. discute a adoção de metodologia de identificação da da presença de SARS-CoV-2 nos esgotos sanitários alternativa ao método RT-qPCR.

Mao, K. et al (2020) ‘Can a Paper-Based Device Trace COVID-19 Sources with

Wastewater-Based Epidemiology?’. Environmental Science & Technology. doi: 10.1021/acs.est.0c01174

https://pubs.acs.org/doi/pdf/10.1021/acs.est.0c01174

Em 24/03/2020, RIVM (2020) descreve a primeira indicação da presença de SARS-CoV-2 em esgotos sanitários, obtida a partir de amostras extraídas dos sistemas esgotamento sanitário que servem ao Aeroporto de Schipool e a cidade de Tilburg, na Holanda.

RIVM (2020) 'Novel coronavírus found in wastewater' Disponível em https://www.rivm.nl/en/news/novel-coronavírus-found-in-wastewater. Acesso em 07 de abril de 2020.

https://www.rivm.nl/en/news/novel-coronavírus-found-in-wastewater

Em 30/03/2020, Medema et al. (2020) apresentam novos resultados do monitoramento de SARS-CoV-2 em sistemas de sistemas de esgotamento sanitários de cidades na Holanda. Ressaltam que a estratégia do monitoramento dos esgotos pode servir como importante ferramenta para o controle da circulação do SARS-CoV-2 na população. 

Medema et al. (2020) ‘Presence of SARS-Coronavírus-2 in sewage’, medRxiv. doi: 10.1101/2020.03.29.20045880

https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.03.29.20045880v1

Em 01/04/2020, Lodder e Husman (2020) comentam que apesar da descrição da presença de SARS-CoV-2 em amostras de esgotos, ainda não há a indicação de que sua  viabilidade entérica possa facilitar a transmissibilidade via feco-oral.

Lodder, W and Husman, R (2020) ‘SARS-CoV-2 in wastewater: potential health risk, but also data source’, The Lancet Gastroenterology and Hepatology. doi: 10.1016/S2468-1253(20)30087-X

https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S246812532030087X

 

Em 04/04/2020, Xiao et al. (2020) relatam a investigação de SARS-CoV-2 em fezes de 73 pacientes infectados na China.

Xiao, F. et al. (2020) ‘Evidence for gastrointestinal infection of SARS-CoV-2’, Gastroenterology. doi: 10.1053/j.gastro.2020.02.055.

https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0016-5085(20)30282-1

Em 16/04/2020, Avelino Núñez-Delgado (2020) reforça a necessidade do conhecimento sobre o comportamento e a evolução do SARS-CoV-2 na água quando sujeito a presença de esgotos sanitários e lodo de esgotos.

Avelino Núñez-Delgado (2020) ‘What do we know about the SARS-CoV-2 coronavírus in the environment?’, Science of The Total Environment. doi: 10.1016/j.scitotenv.2020.138647

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S004896972032163X

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do DRHIMA UFRJ

drhima img notíciasResinas feitas a partir de fontes renováveis são só 1% da produção global, mas atraem gigantes do setor no Brasil

Rio de Janeiro — O plástico, produzido a partir do petróleo, se tornou um dos grandes vilões do meio ambiente. O uso de sacolas de supermercados, copos e canudinhos vem sendo cada vez mais evitado. Embora o consumo de plástico deva crescer 1,5% neste ano, para 7,2 milhões de toneladas no país, essa aversão vem provocando uma espécie de revolução silenciosa em toda a cadeia da indústria petroquímica.

De um lado, há o desenvolvimento de tecnologias para produzir resinas plásticas a partir de fontes renováveis, como cana-de-açúcar, milho, mandioca e batata. Do outro, a busca pela reutilização do material que hoje é descartado na natureza.

De acordo com a European Bioplastics, associação das empresas do setor, os plásticos feitos a partir de fontes renováveis respondem por apenas 1% da produção global de plásticos, de 359 milhões de toneladas. Mas uma série de iniciativas deve incrementar essa fatia, inclusive no Brasil.

“Há um esforço de toda a indústria em criar novos plásticos, mais leves e mais fáceis de serem reciclados, a partir de fontes renováveis. Essas soluções ainda são muito novas e muitas ainda estão em fase inicial. Mas são extremante importantes para o futuro”, disse José Ricardo Roriz, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).

Embalagem sustentável

No Brasil, a Braskem, maior produtora de resinas da América Latina, vem investindo no desenvolvimento de plásticos a partir da cana-de-açúcar. A companhia tem uma unidade no Rio Grande do Sul voltada para esse tipo de plástico, que consumiu investimentos de US$ 290 milhões.

A empresa se prepara para atingir a produção de 10 mil toneladas por ano de uma resina a partir do etanol (chamada de Eva), que tem aplicação para diversos setores, como o de calçados e automotivo, entre outros. E estuda ampliar suas operações.

“A gente imagina que a demanda pelo plástico verde vai crescer mais rápido do que a do plástico de origem fóssil (a partir do petróleo), e a gente avalia oportunidade de novos investimentos”, disse Edison Terra, vice-presidente da Unidade de Olefinas e Poliolefinas da Braskem na América do Sul.

Segundo ele, há uma demanda crescente no mercado por esse tipo de produto, e a companhia tem analisado novas alternativas possíveis de investimento, mas ainda não foi tomada qualquer decisão nesse sentido.

“Trabalhamos em diferentes opções de aumento de capacidade da produção do plástico verde. Estamos sempre atentos a oportunidades de negócios sustentáveis”, afirmou Terra, destacando que a companhia vem desenvolvendo pesquisas para buscar outras fontes renováveis.

Na ponta dessa cadeia, a indústria vem adotando com rapidez as inovações. É o caso da Copapa, uma fabricante de papel higiênico que usa plástico feito a partir do milho. Fernando Pinheiro, diretor executivo da Copapa, lembra que, ao iniciar uma série de mudanças sustentáveis em sua linha de produção, buscou novas opções para o plástico usado nas embalagens do papel higiênico.

Após estudar alternativas, passou a usar uma resina a partir do milho, que é importada da Alemanha. A troca faz parte dos R$ 10 milhões que a companhia investiu em pesquisa e desenvolvimento.

“O plástico ganhou uma fama de vilão no mundo todo. Hoje, a dificuldade é buscar os fornecedores certos. Apesar de termos um custo maior com o plástico feito de milho, reduzimos a margem de lucro para que o produto fosse acessível “, disse Pinheiro, cuja unidade fabril fica em Santo Antônio de Pádua, no Rio de Janeiro.

“Lavagem verde”

Kate Melges, especialista na campanha de plástico do Greenpeace nos Estados Unidos, critica a busca pelo plástico verde. Ela diz que mudar de plástico descartável para papel, bioplástico ou até materiais compostáveis não é solução.

“Isso é apenas uma lavagem verde usada por multinacionais para manter viva a cultura descartável. E com apenas 9% do plástico produzido realmente reciclado no mundo, sabemos que esse também não é o caminho a seguir”, afirmou Kate.

Para ela, não se pode considerar o plástico de base biológica recurso renovável:

“Não é renovável, pois há pressões do uso da terra e de emissões e processos agrícolas. O plástico de base biológica representa cerca de 1% do plástico do mundo. E a maioria do mercado não é 100% (de fonte renovável), mas, sim, uma combinação de material com origem em combustível fóssil e não fóssil.”

Brasil recicla apenas 26% do material

Além da busca de mais fontes renováveis, outra área de atuação da indústria é a reciclagem do plástico. O Brasil tem hoje um índice de reciclagem de 26%, percentual bem abaixo do de países da Europa,como Portugal, Espanha e Alemanha, cuja taxa oscila entre 40% e 50%.

Edison Terra, vice-presidente da Unidade de Olefinas e Poliolefinas da Braskem na América do Sul, destaca as iniciativas que visam ao reaproveitamento do plástico. Segundo ele, outra frente de trabalho é conseguir produzir novamente uma resina plástica com qualidade a partir da reciclagem dos materiais usados.

“Temos trabalhado de forma conjunta com toda a cadeia petroquímica para encontrar soluções para os resíduos de plásticos, porque é um problema que não dá para ignorar”, explicou Terra.

Hoje, no Brasil, a reciclagem de plástico ainda é pequena: cerca de um quarto de todo o material descartado é reaproveitado, dizem a Braskem e a associação do setor.

“Estamos investindo no desenvolvimento de tecnologias no campo da reciclagem química, e o nosso foco é transformar plásticos pós-consumo, como sacolinhas de mercado e filmes de embalagens de salgadinhos e biscoitos, novamente em produtos químicos que podem ser utilizados em diversas cadeias de valor”, destacou Terra.

A SC Jonhson, fabricante de produtos como Off e Raid, selou uma parceria com a canadense Plastic Bank, que recolhe e recicla garrafas e sacos que chegam aos mares.

Centros de coleta no Rio

A organização, que acabou de abrir três centros de coleta no Rio, vai inaugurar seis novas unidades entre fevereiro e maio deste ano.

David Katz, presidente da empresa e idealizador da iniciativa, diz que os novos locais ainda não foram definidos.

“Pretendemos estar em áreas vulneráveis socialmente, perto da região da Baía de Guanabara. O Rio é a nossa primeira cidade escolhida fora da Ásia”, afirmou.

A Plastic Bank paga pelo plástico que recebe de catadores. Segundo o Sindicato Independente de Recicladores do Rio de Janeiro, existem cerca de 300 mil catadores independentes que dependem da coleta de materiais recicláveis nas ruas.

O que o centro de coleta faz é revender esse plástico a empresas. A SC Jonhson, por exemplo, vai lançar neste ano uma garrafa 100% reciclada para uma de suas marcas.

“Construir uma infraestrutura que interrompa o ciclo desses resíduos antes que terminem no oceano é fundamental”, disse Fisk Johnson, presidente do Conselho de Administração e presidente executivo da SC Johnson.(R. O. e B. R.)

 

Fonte: Exame

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